O Amor e a Psicanálise

Escrito por Paula Rienzo

A Psicanálise é, em sua essência, uma cura pelo amor, mas pelas vias da dor também se elabora. Contudo, suas consequências e seus investimentos são sempre muito maiores. O sujeito, depois de muita dor e sofrimento, chega a conclusão de que esta é a trilha onde tudo é mais difícil. Em análise, o sujeito pelo caminho da transferência consegue elaborar suas questões de forma segura, acolhida e menos traumática do que em ato neurotizado da realidade. Fazer análise é um ato de amor!

“Amar é dar o que não se tem a alguém que não o quer.”

Esta famosa frase de Jacques Lacan, um importante psicanalista francês que retomou os estudos de Sigmund Freud, nos revela que na matemática do amor 1+1= 1: o outro jamais nos completará, mas é no outro que a minha falta será suportável em mim. O que efetivamente temos a oferecer é a nossa falta, mas o desejo do outro é a nossa completude a qual não possuímos. Nós também a desejamos, mas também recebemos a sua ausência, esta que ninguém a deseja, apesar disso, sem ela não haveria o amor.

Amar é investir parte de si no outro, por isso o sujeito fica humilde, vulnerável, desguarnecido do amor narcísico, mas quando há uma correspondência do amor, um protege o outro, dois sujeitos faltantes se completam nessa experiência de falta. Por isso “amar é trocar nada por coisa alguma”, como disse Lacan. O que há de mais verdadeiro, singular e original em cada sujeito é a sua falta e, apesar de toda massificação impositiva da realidade, ninguém ama e goza do mesmo jeito.

O sujeito geralmente entra em análise caminhando em círculos, preso a uma repetição sem saída e aos poucos vai encontrando outros ângulos, contornos e direções. Aquilo que parecia insuportável ganha outra representação um novo olhar. É pela fala que se desbrava outros horizontes, diferentes maneiras de amar e aliviar o sofrimento. Ninguém sai ileso da Psicanálise.

A escuta psicanalítica é capaz de fazer o sujeito escutar aquilo que nunca ousou dizer a si mesmo.

Filosoficamente uma coisa é aquilo que é e só deixa de ser quando lhe é atribuído um nome. Quando respondemos ao Outro que qualquer “coisa” está bom, na verdade estamos atestando a nossa total ausência de saber sobre nosso desejo. A palavra nomeia à vida e um sentido impregna onde não havia: a “coisa” é inacessível. A palavra a mata e inaugura um sentido para o sujeito no mundo.

Nós artificializamos a vida e a morte. Existe um definhamento simbólico crônico, uma incapacidade de falar sobre o que somos e sentimos. Doenças são as palavras não ditas e quanto maior a insensibilidade frente ao nosso desejo, maior o nosso adoecimento. Sem implicação o mal-dito tende a prevalecer sobre o bem dizer.

Quem pro-cura pelo bem-dito se cura.

A Psicanálise não trata da mente, trata do sujeito que mente, sobretudo para si mesmo.

Autora

Paula Rienzo Psicóloga e Psicanalista

Graduada em Psicologia há mais de 15 anos.
Linha de abordagem Psicanalítica.
Especializações:
– Clínica do Adolescente;
– Transtornos Alimentares;
– Hospitalar.

Paula Rienzo

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